segunda-feira, 15 de abril de 2013

Parabéns Mãe!




Os dias vão passando e o corpo habitua-se.
O tempo está diferente, mais frio, mais lentamente
passa sem que o sinta igual, 
mas ainda assim, a mente acostuma-se.

Os amigos já não estão tão perto, seguem 
as suas vidas longe da vista mas, ainda que sentida,
a sua falta culmatasse por novas amizades
e assim continua a vida, corrida...

Já de ti não posso o mesmo dizer,
que me fazes falta no olhar e nas palavras,
a voz, essa mesmo que tanto ralha, faz falta,
agora como sempre, agora mais que nunca,
agora...
agora... e sempre!




E sinto saudades tuas,
sinto a tua falta!

Não houve flor ontem, existem umas palavras hoje :)

Amo-te minha mãe !



quinta-feira, 21 de abril de 2011

Muito Obrigado!




Recuso-me a dizer adeus,
despedidas não são bem aceites
e não me venham com lágrimas
qu'eu fico já c'os azeites!

Foi um prazer trabalhar convosco,
aprender é fácil assim,
criaram um expert a partir dum tosco
e é verdade... eu falo de mim!

Colegas são as da noite,
em vocês tenho amigas,
espero que assim me considerem
porque eu gosto mais de vocês do que de migas.

O relógio já bate a hora,
saio rápido para não doer,
foram eternos os minutos
e intemporal o prazer,
de vos ter por perto,
de vos ter conhecido,
de vos dizer agora:
tudo o que vos dei foi merecido!

Pessoas espectaculares,
que levarei sempre a meu lado,
a vós só vos quero dizer:
Muito, muito Obrigado!!


SÃO AS MAIÓRES!!!!!

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Revelação do vento


Quietas quedam-se as árvores.
A flor, o singular alarde
da discreta vida em surdina.
No entanto, se ágil na tarde
o ar acorda e em vento sopra
as árvores se põem loquazes:
gesticulam abraçam dançam
sussuram cochicham cantam.
É quando súbito enxergamos
a prisão de troncos e ramos
e a longa noite das raízes.

in Los rumbos del viento
Astrid Cabral
(Brasil)

sábado, 9 de outubro de 2010

Contágio


Se a voz se esgana
e o tóxico ruído das máquinas
me perfura
         vou até ele.

Adenso-me com fervor
no mais sublime da sua biologia

Subo fontes intactas
vou fundo ao ventre das planícies
contagiar a pele e os olhos
embeber as narinas cansadas
nos odores do universo inteiro

Levo-lhe
(porque não sei mentir)
tristes notícias do meu país

- Esta terra que me possui
é uma lágrima
        bolor indigno no pão
              e falso poema -

Nele sou todo um arrepio
movimento retardado e dado
por desejo e condição vadia
beijo destilado num ventre
ou sangue escorrendo
numa bacia

Sorvo-lhe a bravura e o calafrio
o corpo do cio
o rosto no impoluto mar

Conheço-lhe a fome e a rudeza
o beijo desfiado que fecunda
as fêmeas e os animais

Corpor é que oscila e domina
penetra e inflama
músculo de Ulisses
esperança de Helena
frémito de Roma em chamas

Às vezes visito-o
para colher consciência
e reinventar a liberdade

Olhando-o louco
insubmisso
sei-o não ter por condição
palavras indecisas
pupilas mecânicas
dos homens sem paixão

Drogo-me de ele
até mais não
morro e sou mais eu
e ele todo meu em sentir
sem horas ao roçar-lhe na pele
sou um suspiro que aflora

Aí sei...
a civilização não ser
mais que pura intervenção
de regras infundadas limites e
incandescente usurpação.

in Los rumbos del viento
António Teixeira e Castro
(Portugal)

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Vento que Golpeia a Lua





Quanto tempo passei a procurar esta terra
cercada pela luz?
Por acaso não persigo este espaço, a sua mensagem,
depois que abri os olhos para a vida?
Ao fim, achei o mais grego dos mares
nos domínios da barbárie?
E agora, é o bronze que vibra no ar
ou são fustes de mármore a tremerem?
Talvez apenas seja o rumor
do carro de Nausícaa
pelos seixos sagrados, os sorrisos
das que correm com as cabeleiras
a gotejarem pelos ombros, ou o agitar
- como bandeiras ao vento - das túnicas.

E tudo é tão simples: uns enormes pinheiros
que brotam da rocha enegrecida,
surgidos do côncavo transbordante
de um encrespado mar de búzios.
E, um pouco mais além, sonâmbulas brenhas
onde, vagarosos, se embaraçam os cordeiros
e zumbem as abelhas em perfeitas sombras,
e uma torrente que conduz sombrias choupanas sem tecto,
e umas dunas ardentes pelo pólen
parecem aguardar os passos de algum náufrago.

Humilde Sa Caleta!...
O teu azulado coração de rochedo,
os teus ramos pela tarde, que movem um silêncio
quebrado pelos salpicos dos remos
das barcas que zarpam ao acaso,
compensam todo o tempo desejado.

Na verdade, em ti vejo um espaço
inimigo do homem,
pois o fumo apaga vozes e olhares,
e a brisa abre sulcos nas ondas,
e o aroma funde-se com a luz,
e o vento golpeia a lua...
Como a Ulisses,
amarrai-me a um tronco desta costa,
sem me afundar nas águas que me seduzem,
e quero que o seu equilíbrio me ilumine
a desvelar o mistério de todas as noites possíveis.


in Los rumbos del viento
Antonio Colinas
(Espanha)

quarta-feira, 21 de julho de 2010

Viento de España



Qué mal viento de España, qué mal viento
el que te llega, Portugal querido.
El viento de una España que ha perdido
el gesto, la figura, el sentimiento.

La España sin razón de este momento,
¿qué estraños españoles ha parido?
La hispana dignidad, ¿dónde se ha ido?
¿Dónde el valor y dónde el juramento?

Ahí te va, Portugal, el triste aliento
de la española tierra, un pueblo herido
por tanto desamor y furia ciega.

Ni viento, Portugal, ni casamiento...
Pero abre el corazón, para el latido
de España, unido al viento que te llega.

in Los rumbos del viento
Andrés Quintanilla Buey
(Espanha)

quinta-feira, 24 de junho de 2010

Debajo del viento



desdibujo un rosto que no existe
los quehaceres de un baúl gigantesco
ancestral obscuridad de un ser que no es
que llevamos a cuestas como el tránsito de una noche
                                                               [inexpugnable,

que al salir de sus marañas se estremece
al querer evadirse se evapora
al dejarse atrás se adentra en otra oscuridad
en otra bruma
en otra noche
que cuanto más aclara más anubla
más pregunta
más opaca;
pesadillas
sueños de pesadilla

apariciones sueños
de apariciones filtran un tañito monótono

y quieren dejar atrás
                y olvidarse:

se fugan
desertan, escapan

asoman debajo del viento

y no hay nadie:

          ni presencias
                  ni olvido
                        ni búsqueda

sólo la penumbra
que cubre papeles dispersos

sólo un parloteo de incendios frágiles
y vericuetos

sólo los grillos
          despiertos
y la rutina que se acomoda
en la floresta

la luna
el frío
el viento...

¿se puede ser feliz?

in Los rumbos del viento
Álvaro Mata
(Costa Rica)