quarta-feira, 31 de março de 2010

Eterna Simplicidade



Não sinto nem sei,
Em que alma pousei
Sem razão para o fazer
De manhã ao anoitecer.

Rasgo folhas soltando gritos,
Das palavras e versos aflitos
Vivem sedentas as versões
De infinitos verões.

Que passam sempre de Outono,
A Inverno no seu trono,
Resplandecendo a Primavera,
E voltando a verão sua quimera.

Assim conto dias,
Perco soluços e mãos vazias,
Ganho muitos eternos minutos
Que são tão pouco resolutos.

E em caixão final de vida,
Traduz-se inglória investida,
Levo apenas dias e horas
E deixo-te cá fora, tu que choras.

Mas eterno serei nas memórias
Contando inúmeras infrutíferas glórias,
Em linhas que não desvendo,
Deixando ao acaso e não percebendo.

Diogo Miranda
25-01-08

terça-feira, 30 de março de 2010

Suddenly . . .



E de súbito,
Num lugar onde os olhos ficam quentes,
Caiem marés face abaixo,
Não têm sentido, são eloquentes,
Mas ainda assim, caiem…

Seu cair,
leve ar que subestimamos,
tem dor que peca por muita,
que magoa em tons castanhos,
mas ainda assim, magoa…

Tem orgulho,
Sentido que pesa no céu,
Atribulando-o em nuvens passageiras,
Sou frequente, raro sou réu,
Mas ainda assim, orgulhoso…

A atenção,
Aquela que grito e peço com veemência,
Negada chuva de calor,
Liberta-me da permanência,
Mas ainda assim, negada…

Mas ainda assim,
Caiem sem olhar à estrada…
Magoa porque deixamos…
Negada porque a procuramos…

Ainda assim…
Ainda assim…


Diogo Miranda

6-Mar-09

sábado, 27 de março de 2010

Mais que parabéns...obrigado!


Penso nestas horas…

Desde uma eternidade até hoje,
Foi relâmpago que rasgou o tempo,
Chegou rápido…tão rápido…
As ideias…muitas…
Filtrei, reflecti, pensei e agi…
Ohoo…
O mundo desabou…

Que eterna simplicidade,
No meu âmago penso em ti,
És magia, ilusão da minha vida…
Começou mais um dia…e pensei… em ti…

Hoje é o teu dia…
Tristezas fora!
Fato de rainha!
Salta-te o sorriso na cara…
“Esta vida é minha!!”

Nas asas de uma borboleta pintaram teu nome…
Um qualquer anjo enternecido com a tua beleza…
Foste criada com doçura…amor…
Sorriso de mar, olhos de sereia…princesa…

Palavras soltas…
O sol…
O mar…
A lua…
As estrelas…
As nuvens…
As ondas…
As brisas…
Fascinantes sem dúvida, mas tu…
Tânia… rainha de todas as divas!

Os ponteiros rodam…
Tic… Tac… Tic … Tac…
Seu andar leva a alegria e a fortuna…
Ao teu encontro, é claro!

Nasceste para vencer…
Espírito de guerreira…
Convincente…
Crente…
Senhora do seu destino…
Nunca te detenhas,
És livre de escrever o teu livro!!

Hoje como ontem,
A ampulheta suspende a areia…
O mar pára as ondas…
No coliseu levanta-se a plateia…
As pirâmides tramitam suas portas…
As borboletas aconchegam-se…
O mundo suspende as suas voltas…

Passas tu…e tudo se surpreende!

És tu o reflexo da alegria,
Lágrima de felicidade,
Pretexto para celebração…

És o toque de magia,
O sopro da eternidade,
O sangue no coração…

Que de todos os que te esperam,
Seja este um dos mais felizes,
Os dias que temos estão contados?
Vamos ser eternos… que me dizes?



Diogo Miranda
13, de Janeiro de 2009

sexta-feira, 19 de março de 2010

Pára ! !



Saiem uns e entram outros
Num corrupio inesperado de vida
Em que algo nunca muda
E o algo é a oportunidade perdida.

É água que escorre entre as mãos
Sem parar para saborear,
E quando queres ter o sabor
Já não há, ou está a escassear.

Nisto passam horas, passam dias
Em devaneio,
Passam ventos de mudança
E tu sempre no meio.

Abstraída dos vendavais
Que te tentam elevar a crescer
Mas pareces ir com os demais
E recusas-te a querer vencer.

Não se percebe como se afigura
Tal sensação de pacatez,
Mas continuas feliz e parada
Sem um pingo de sensatez.

Quem afinal quer viver sozinho?
Quem quer morrer sem viver?
Quem quer ser o vizinho,
E nunca ter ninguém para ver?

Não percebo quem é tal pessoa,
Nem tão pouco como pensa,
Mas onde andará esse juízo?
E qual será a sua recompensa?

Pára para pensar por favor!
Pára! E pensa em ganhar,
Prova uma vez o sabor
Daqueles que saboreiam sem parar.



Diogo Miranda
13-02-08

quinta-feira, 18 de março de 2010

Tecto do Mundo



É debaixo do tecto do mundo que me deito,
Virado de cara para a sua magnificência,
Crescem-me os olhos e para meu deleito
Percebo a sua beleza com consciência.

Obra de arte pintada por deuses,
Com mestria e sabedoria de pintores
Que com arte retratam pormenores
Como só o conseguem os escultores.

E para mim este palco é essência
Para a minha palavra de inspiração,
Porque enquanto escrevo tenho em mente,
A Menina que tento descrever com a mão.

Mas por mais versos lisonjeiros,
Que alguma vez consiga escrever,
Esses serão sempre passageiros
Ao tentar a Menina descrever.

Só sobrepondo-a a este pano,
Eu conseguiria uma aproximação,
Da beleza que Ela ao mundo transmite
E que, para mim, é inspiração.

Comparo-a com a tela dos deuses,
Pois em tudo se pode comparar,
O brilho destas estrelas
Ao brilho dos olhos… da Menina do Mar.



Diogo Miranda
07 - Abr - 2007

terça-feira, 16 de março de 2010

Sair em Liberdade



Conjugar-te no pretérito perfeito,
Assim o farei mais tarde ou mais cedo,
Deitar-me-ei então em meu leito,
E nele chorarei o meu medo.

Em leito descansado com meu mito,
Nada mais profetizarei então,
Comigo jaz minha força e meu grito,
E neles cada bater do meu coração.

Penso agora que nada faz sentido,
Procura eterna de felicidade em vão,
Fui expulso da beleza do Olimpo,
Por força exterior de furacão.

Nada mais sei que pensar…
Sentir…
Voar…
Lutar…
Ou sorrir…
Pára! Vai devagar…
Dizes-me entre lábios num sorriso.

És miúda e não te quero cortar asas,
Nada melhor há que voar e ser livre,
Mas enquanto o meu peito vazas,
Retiras-me algo que eu nunca tive.

Mas tu és pomba com vontade de sair,
És criança que gatinha e que explora,
Ainda não está no momento de intervir,
Mais vale resignar-me e ir-me embora…

Vou de consciência tranquila…
Cabeça levantada…
Peito aberto…
Cara lavada…
Sentimento desperto…

Vou…deixar-te livre como uma aurora…
Vou deixar-te viver e vou-me embora…

Porque eu amo liberdade…
E o resto tu já sabes,
Disse-te uma pessoa que amas de verdade.

Eu vou voar noutro céu,
Vou deixar de importunar teu futuro,
Vou deixar de ser réu,
E esperar por um sentimento (teu) mais puro.


Diogo Miranda
1 – Abr – 2008

sábado, 13 de março de 2010

Chuva . . .


A chuva que hoje me cai no manto,
Que outrora me lavara o espírito,
Humedece-o mais e abafa o canto,
Tornando-o austero e em forma de grito.

Escurecem as nuvens e desabam
Gotas pesadas de encenações vividas,
Na minha cara durezas que não acabam,
Sorrisos e gargalhadas nunca exprimidas.

A minha paisagem é assim encetada,
Em fundo preto e contornos acinzentados,
Na estrada da vida minha alma parada
Faz prever vindouros dias agonizados.

Se na água vires as minhas tristezas,
Verás na estradas poças lamacentas,
Pisadas e cheias de inúmeras rezas,
Transbordando de gotas cinzentas.

Na margem um leito de água que corre,
Com o vagar de quem veio para ficar,
E passando a nuvem que em mim chove,
Fica no seu espaço um sol por raiar.

Hoje sombrio meu dia apresenta
A inércia da minha força interior,
Em combater o mal que me atormenta,
Que se apresenta em ciúme e em dor.

Não sou poeta! Vivã tão pouco…
Apoderei-me de mau vício,
Tornei-me louco…

Desfez-se em minhas doces mãos
A água da esperança com que sonhei,
Por entre os dedos abriram-se vãos,
E neles passou o sonho que amei.

Hoje que paro e penso na água
Que dos meus olhos vi chover,
Não vejo felicidade, não vejo mágoa,
Vejo apenas um menino a sofrer.

Desta feita magoado com a vida que escolhi,
Por minhas opções a dor me tocou,
Não foi a Sr.ª mágoa que eu acolhi,
Mas foi ela que em mim se alojou.

Penso então no mal que em mim reside,

Acorda por vezes atormentado de alegria,
Mas rapidamente se lembra e agride
Este meu ego que não o queria.

Sol! Oh sol…porque tardas em raiar,
Apodera-te do meu céu
E faz-me acreditar…

Quero acreditar num dia novo,
Perceber que vale a pena ser eu,
Mostra-me teu brilho e satisfação,
Faz-me sentir que sou todo teu.

Que estarei contigo em dias de Verão,
Em dias que brilhas com todo o esplendor,
E nos dias chuvosos que provavelmente virão,
Faz com que não sinta nem ciúme nem dor.

Alegra meu ser secando as poças maliciosas,
Iluminando o que sinto e não me deixando mentir,
Perfuma-me a alma com cheiro de rosas,
Permite-me olhar para ver o que há-de vir.

E depois…
Quero sentar-me em ti e namorar a lua,
Beijar as estrelas e dançar com elas no céu,
Banhar-me em teu brilho com minha alma nua,
Ver chegar os cometas e poder levantar-lhes o véu.

E um dia…se permitires,
Gostava de te apresentar umas nuvens passadas,
Aquelas que tanto choveram no meu rosto,
Queria pegar nas dúvidas que ficaram paradas,
E mostrar-lhes que é dos teus raios que gosto.

Hoje sou poeta! Hoje sou vivã…
O papel resistiu à água,
Já me sinto livre…

O dia era sombrio mas combati-o fortemente,
Abanei as nuvens, pisei as poças e molhei a cabeça,
Fui de peito aberto e sem medo segui em frente,
Hoje tenho tudo o que um Deus mereça.

Não é muito mas é o que me faz feliz,
Não és tu, não é o meu sonho,
Mas é o que sempre quis…

Diogo Miranda
Some-Rainy-Day

sexta-feira, 12 de março de 2010

Non Sense




Que confusão de palavras,
Turbilhão na cabeça,
De ideias fugazes,
Sem ninguém que as conheça.

Perco sentidos, obstáculos à visão,
À crença de escrever um verso sincero,
Ter direito a fabular numa percepção,
Pôr na palavra o que digo com a palavra “quero”.

Ditongos, metáforas, frases sonantes…
Versos perdidos em folhas discretas,
Que se afirmam em rimas contagiantes,
Desaparecem por não atingir as minhas metas.

Busca do saber incessante,
Fé…palavra de base da vida,
Sapiência…como te quero, cativante,
Figura da minha alma perecida.

Cede o senso à busca do bem,
Divago nas ondas como balancé,
Sei que o farei como ninguém,
Em mar alto, sem nunca perder pé.

Sem sentido, inconsequente,
Estado de alma tardio,
Voz que sai deprimente,
Traz-me lume…acende o pavio.



Diogo Miranda
2-Mai-07

quinta-feira, 11 de março de 2010

Um dia . . .



As janelas assim corridas,
Escurecem o local de intimidade,
Onde as velas iluminam a alma,
E o coração se rende à verdade.

As flores gritam o seu cheiro,
Que envolve o ambiente com mestria,
Rebolam-se e deleitam-se pelo chão
À medida que se ouve a poesia.

Num ecrã mil imagens se sucedem,
Como cataratas de magias intensas,
E a surpresa que desassossega a alma,
Faz-nos esquecer as presenças.

Ali só conta o deleito do olhar,
O bater enfurecido e desmedido do coração
Que se espalha veloz pelo corpo
Arrepiando e tremendo o chão.

Mas tudo acaba…
As janelas abrem-se…
As velas dão o último suspiro,
Dando lugar ao fumo brando e ténue…
A música cala-se em respeito,
À porta das escolhas que as tranca naquele espaço…


Diogo Miranda
18 – Jun – 2008

quarta-feira, 10 de março de 2010

Obscenidades . . .



Quero fazer obscenidades com o tempo,
Fazê-lo parar, fazê-lo recuar,
Baralhá-lo com todo o meu talento,
Fazer dele o que quero…enfim…brincar.

Brincadeira e jogos de criança,
Com os segundos e minutos intemporais,
Ouvi-lo sorrir ao som desta dança,
Ver e atrapalhar-me no seus vendavais.

Pedir-lhe que volte ao passado,
De cada vez que na vida for errante,
Mudar, alterar e enterrar o mal amado,
Estampar na cara um bom semblante.

Sentir os segundos a passar,
Ir à lua, voltar, ir viajar
Entre planetas e sóis a brilhar,
Brincar… e deixar-me levar.

Sentar-me na ampulheta de areia,
Ver quebrar as mais belas ondas do mar,
Mergulhar no tempo em apneia,
Soltá-la e deixá-la voltar.

Esta seria do tempo brincadeira,
Num banco de jardim…
Numa rocha de cascata…
Num templo sem fim…
Num mastro de fragata…

Ter tempo para parar o tempo…
Um cume de vida subir…
Entrar nas portas do templo…
Sentir o bafo ancestral…

Ele que venha e me faça sentir!
Quero sentar-me desperto e atento,
Fugaz menino em frente à televisão,
Percebendo quanto tempo tem o tempo,
Ver e observar com atenção.

Brincar e ser a travessura,
Aquela que a infância premeia,
Queria ser criança com ternura,
Queria voltar a uma noite de lua cheia.



Diogo Miranda
16 – Abr – 2008

terça-feira, 9 de março de 2010

Faço o que sou



Sou pintor, sou escultor ou de arte criador,
Sou poeta, sou leitor ou de prosa escritor,
Se te tenho como alma, então sou desertor,
Se te quero como quero, então vivo em teu favor.

Pinto telas de inúmeras cores,
Pinto dóceis e ternos amores,
Sou pintor de obras de nostalgia,
Sou pintor de todas as tuas alegrias.

Esculpo pirâmides inúmeras de areia,
Esculpo uma aranha passeando na sua teia,
Sou escultor com movimento de estátuas,
Sou escultor que esconde as suas mágoas.

Crio arte para mais tarde eu recordar,
Crio arte com intuito de te fascinar,
Sou artista com vontade de criar,
Sou artista para teu sorriso provocar.

Poetizo rimas da minha própria autoria,
Poetizo rimas ao som da tua melodia,
Sou poeta do olhar de verde esplendoroso,
Sou poeta que afaga a dor do doloroso.

Leio a vida com intuito de aprender,
Leio teu sorriso e teu doce enternecer,
Sou leitor de rasgos da vida coerente,
Sou leitor que sem ti se torna carente.

Proseio palavras e rimas expostas,
Proseio percebendo aquilo que não mostras,
Sou escritor que em teus olhos devaneia,
Sou escritor que por ti diariamente anseia.

Reflicto-te por inteiro na minha pequena alma,
Reflicto-te porque gosto e por me dares calma.
Sou desertor saindo do meu dormente,
Sou desertor no teu olhar sorridente.

Quero-te como quero, para mim por inteiro,
Quero-te como quero, muito mais que a dinheiro,
Sou vivido nesta andança de sofrer,
Sou vivido e isso faz-me querer… -te.


Diogo Miranda
7-Mai-07