quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Brisas





Apetece-me escrever...
descer do alto do meu quarto andar,
pular a janela,
sentir o vento e voar…


Sentir a brisa que me atrai,
passar dum estado estático,
voar...e voar...
largar o certo e matemático,
viver para além do certo,
rodear-me por sorrisos,
perpetrar o incerto.

Quero ser inspiração para quem sufoca,
ser o ar de quem baqueja,
sentir a boca de quem deseja,
uma vida de sentimentos louca.

Mas nem eu tenho certezas,
sou gigante num minuto,
crente de confianças e rezas,
e surpreendentemente um puto.

Abomino as dúvidas da vida, mas...
rejubilo com os seus trilhos e caminhos,
perdendo-me em suas correntes e marés,
fechando os olhos...com carinhos,
perco-me e ajoelho-me a seus pés.

E deixo-me levar...
Deixo apenas que viva...

A onde me levar meu sentimento,
acreditarei na certeza da minha decisão,
será sempre ela o discernimento,
que orienta o meu coração...

Do orgulho que me torna pessoa não desisto,
mas rejeito que me bloqueie as artérias,
desafogo para o meu sangue... e desisto...
não compreendo o que sinto... e tiro férias.
Levanta-se o vento frio e empurra-me...
Esbarro nas costas do corpo que deixei,
e de novo em mim entro,
abro os olhos e ganho...
para o resto da vida... novo alento...

Mordisco os lábios...


Saudade...


Diogo Miranda

8/Out/2008

terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Palhaço Rico, Palhaço Pobre



Palhaço rico, palhaço pobre
Vive de sorrisos e lágrimas,
Com força inerente a cobre,
E palavras de encher páginas.
.
Palhaço feliz, palhaço triste,
De olhares e brilhos eternos,
Pondo seu osso em riste,
Enchendo folhas e cadernos.
.
Em dias de sol ou de chuva,
Sai à rua cavalheiro,
Com calor de mão com luva,
Com vontade de ser o primeiro.
.
Sempre a rir ou a chorar,
Palhaço que vive solitário,
Com vontade de encantar,
Com vontade de ser solidário.
.
Sai de branco ou sai de preto,
Importa é sair devagar,
Porque no alto do coreto,
Seu riso vai encantar.
.
Sorriso largo ou apertado,
Assim vai sendo palhaço,
Sempre de ar embasbacado,
Sempre de sua camisa e laço.
.
Informal ou cordial,
Faz sorrir criança e adulto,
Com perícia jovial,
Para ao sorriso fazer culto.

Quero-o para mim e para ti,
O sorriso que me cobre,
Quero-te aqui ao pé de mim,
Palhaço rico, palhaço pobre.

Diogo Miranda
28-Fev-08

sábado, 26 de dezembro de 2009

Não sou, senhor ....



Fecho os olhos e adormeço,
À volta a vida e eu,
Já não estou, aconteço
Perdendo-me no ar, eu…

Dói aqui um pouco,
Quando árvores murmuram ao vento,
Contando segredos de mim,
Roubando à luz o talento.

Na cabeça o barulho,
A auto-estrada de ideias e marés,
Não se pára para ver,
Segue-se de joelhos ou a pé.

- PARVO!
…não sou senhor…

- PARVO!
…quem me dera não ter dor…


Abra-me a porta de saída,
Aponte-me o dedo, torne-me fraco…
Cure-me esta minha ferida,
Deixe-me viver de novo, eu pago…

Dou a vida a Marte,
Faço do céu um amigo,
Voo entre as águas
E levo o sol comigo…


- ÉS PARVO!
…e eu a insistir na vida…

- NÃO VÊS?!
…tenho a alma perdida…


Com que direito poderá
O sol deixar a sua luz?
Separar-se e deixar a lua!
Quando foi nela que a alma pus…

Dói porque sinto rei dentro de mim, eu serei um dia, quero porque árvores em ti sinto dor de criança foge à morte que a sorte a mim deu um dia que eu serei o que o sol e a lua quem quiser que dia… um rei serei um dia…

Diogo Miranda

7 – Fev – 2009

sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

Ainda ando cá na Terra

... umas vezes nas nuvens, outras vezes bem na terra, a rastejar, parece-me!...
Ultimamente... nem sei bem onde ando...


Se estou nas nuvens, certamente será entre elas, porque é cá um nevoeiro...
Se estou na terra é abaixo do nível do mar, e nalgum buraco sem fundo... de certeza...


É um misto, um turbilhão de situações e de emoções.
Muita coisa para digerir... e nem sei por onde começar.



É tudo e nada. É um querer e não querer.
Pareço maluco, mas acho que não estou. Acho ou tenho a certeza?



Acredito que melhores dias virão, onde andarei de novo nas nuvens.


Fico à minha espera.



quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

As origens da poesia !




"Quem quer que seja de algum modo um poeta sabe muito bem quão mais fácil é escrever um bom poema (se os bons poemas se acham ao alcance do Homem) a respeito de uma mulher que lhe interessa muito do que a respeito de uma mulher pela qual está profundamente apaixonado. A melhor espécie de poema de amor é, em geral, escrita a respeito de uma mulher abstrata.


Uma grande emoção é por demais egoísta; absorve em si própria todo o sangue do espírito, e a congestão deixa as mãos demasiado frias para escrever. Duas espécies de emoções produzem grande poesia - emoções fortes e profundas ao serem lembradas muito tempo depois; e emoções falsas, isto é, emoções sentidas no intelecto. Não a insinceridade, mas sim, uma sinceridade traduzida, é a base de toda a arte."




Fernando Pessoa



Permita-me discordar Sr. Fernando!
Senti-o! Eu sei...
não foi abstracto!




O abstracto não arrepia,
e o sentido transforma o certo,
por isso sei o que significa sentir,
e sinto-o como algo concreto.




Não foi uma mulher abstracta,
vivi o que senti... sempre real!
Não concordo com Pessoa que o negue
e por isso não me levará a mal.




Por isso lhe peço:
Permita-me discordar Sr. Fernando!
Senti-o! Eu sei...
não foi abstracto!



















terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Para os recém-casados



Vocês sabem bem quem são ;)


"
Pessoas especiais que nos cruzam o caminho,
nelas criamos sorrisos e cultivamos felicidade,
interessa apenas a presença e o carinho,
que nos fazem sentir eterna mocidade.

Unem-se em palavras e gestos de afecto,
partilham uma vida que será comum,
o amor é feito debaixo do mesmo tecto
e sabem que para elas não são apenas mais um.

É ser especial que nos faz sentir assim,
quando só com um olhar nos abrem a alma,
não queremos nunca que chegue o fim
e vivemos com ela num oceano de calma.

Em momentos únicos construirão uma vida,
reflexo do sentimento que vos une,
sentirão na pele do coração cada batida
e nos arrepios da pele aquilo que vos reúne.

Hoje baptizam o vosso dia mais feliz,
chamar-se-á para o sempre "o dia",
aquele com que sonharam desde petiz,
aquele que recordarão com alegria.

"

Felicidades =)

Um dia normal?

A pergunta em epígrafe surge pertinente,
"sim" dirá a maioria da gente,
"não", dirá um jovem eloquente.

Há um ano preparava-me para uma despedida que se fazia anunciar,
uma etapa da vida que por portas e travessas se preparava para acabar.

O tempo chegou veloz e confirmou as minhas suspeitas,
nada que surpreendesse mas que deixou as ambições desfeitas.

Um ano depois, sem nunca mais ter feito amor,
Escrevo já sei magia, mestria...apenas com dor.

O amor é como um jogo no casino...
Em que até podes ir ganhando,
mas no fim...
bem no fim...
a casa ganha sempre.

Pelo meio ficam a adrenalina, a exaltação dos momentos,
Mas no fim, nem que seja aos oitenta, a felicidade é levada pelos ventos.

Se vale a pena?...

Como diria o poeta... "Vale sempre a pena, quando a alma não é pequena!"

Apesar da dor...e de tudo o que lhe sucede...
Abrem-se novos caminhos.

Por muito tempo permanece a saudade,
O sentimento habita intemporalmente,
Não é nada que mate,
Mas... chateia como um dedo dormente....