quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Revelação do vento


Quietas quedam-se as árvores.
A flor, o singular alarde
da discreta vida em surdina.
No entanto, se ágil na tarde
o ar acorda e em vento sopra
as árvores se põem loquazes:
gesticulam abraçam dançam
sussuram cochicham cantam.
É quando súbito enxergamos
a prisão de troncos e ramos
e a longa noite das raízes.

in Los rumbos del viento
Astrid Cabral
(Brasil)

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