sábado, 6 de fevereiro de 2010

Hoje escrevo em prosa, sobre... A distância!


A distância é uma coisa fascinante. É aquele espaço que nos faz pensar e aperceber do real significado que damos às “coisas”. Porque quando estamos perto tudo é fácil e bonito de se fazer, tipo os momentos bons, em que olhamos à volta e reparamos que estamos rodeados de milhões de pessoas. Mas a distância, essa funciona de outra maneira. Actua em nós como os momentos maus, aqueles em que quando atentamos e procuramos ajuda, não vemos “quase” ninguém. Este quase tinha que estar saliente. É que, como nos momentos maus, também na distância existe um alguém que se mantém perto, que mesmo a anos-luz de nós ainda nos consegue eriçar os pelos dos braços ou provocar um arrepio caloroso na espinha. E porquê? Como?

Porque nós deixamos, claro! Como? Através de sentimentos que se cultivam. Há quem lhe chame amor, outros paixão e, noutros casos até, amizade. Mas em todos eles existe uma forte ligação com a palavra saudade. Essa que transmite um sentimento tão digno, nobre e ambíguo quanto o amor. Ela faz-nos rir e sentir bem, chorar e ter insónias. Mas a saudade, tal como o amor, são sentimentos que todos queremos sentir, pois significam que há em nós algo de puro e agradável em relação a outra pessoa.

A distância, em mim, está a ter uma forma peculiar de actuar. Sinceramente, nunca a tinha sentido tão afincadamente, exactamente, porque acho que também nunca me tinha mergulhado tão fundo num mundinho de outra Menina. E o que sinto?

O que sinto é um arrepio na espinha, os pelos dos braços a levantar, o pescoço a dobrar de mansinho sobre a orelha acarinhada, os lábios a tremer e o coração a querer voar. Sinto a alma a sair de dentro de mim, os pés frios, o peito a arder, os olhos a apertar e as lágrimas a caírem para no leito da Menina se juntarem. À noite os sonhos voam, os braços dão-se de novo, os sorrisos crescem fumegantes de alegria, os lábios tocam-se novamente e esperam…esperam calmamente que chegue a manhã que os afastará de novo. Até chegar o dia…em que os sonhos se confundem com a realidade e tudo volta ao ponto em que a distância não existe, a saudade morre ao juntarem-se os lábios e os corações batem tão perto que se confundem em uníssono.

É então isto que eu sinto. É este o efeito que a distância tem em mim.
Mas que poderei eu fazer? A distância é aliada do tempo. E juntos se passeiam de mãos dadas. Mas o tempo é bom conselheiro e a distância aumenta os fogos da paixão, para mais tarde os unir num grande incêndio de alegria.

Não deixa de ser apenas uma maneira de olhar a distância, mas eu, “Boémio e romântico, de espírito livre mas escravo do meu coração”, vejo-a assim, porque quero e sei, que tudo o que acontece tem uma razão, e para mim, a razão da distância, só me trará a certeza de uma paixão que um dia o mar me entregou na forma de uma Menina.





Diogo Miranda
27-07-2007
13:25

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