sábado, 24 de abril de 2010

Oração de Raiva



Com que direito tiras tu
Deste efémero momento
Alguém que não te serve
Mas que afirma talento?

Com que direito levas quem pode
Alterar péssimos caminhos,
Alguém que se faz crer
Que possui em si pergaminhos?

Não tens o direito e não deves
Tu não és ninguém na terra
Resume-te ao teu paraíso
E deixa-nos felizes na guerra.

Podemos ter os nossos defeitos,
Mas com a guerra vivemos em paz,
Podemos nem ser perfeitos,
Mas disso ninguém é capaz.

Vivemos em correrias
E podemos nem dar valor,
Mas por não ser o que tu querias
Não nos venhas atormentar com dor.

Cremos que obcecados conseguimos
Ser alguém nesta vida,
Mas tu tens sempre que intervir
E por o teu dedo na ferida.

Não serás capaz de estar quieto,
Nesse teu trono omnipotente?
Deixa-nos na merda felizes!
Deixa-nos viver o presente!

Não é justo tirares quem amamos,
Muito menos um filho de mãe,
Tu não percebes que nós estamos.
Em família aqui, também?

E nem te escrevo mais linhas,
Porque neste momento não mereces,
Nem louvores, canções, orações…
Nem Amores, crenças ou preces.



Diogo Miranda                                                   13-12-2008

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